Da Redação Avance News
A síndrome da murcha da cana, doença que afeta diretamente a produtividade dos canaviais, é motivo de crescente preocupação para os produtores de cana-de-açúcar. Estima-se que cerca de 30% das áreas de cultivo no Brasil, o equivalente a aproximadamente 3 milhões de hectares, já tenham sido impactadas.
A doença pode reduzir em até 45% o rendimento das lavouras, prejudicando a produção de açúcar e etanol ao diminuir os níveis de sacarose e comprometer o desenvolvimento das plantas.
Os sintomas incluem colmos murchos ou secos, coloração avermelhada ou marrom glacê nos internos e, em casos mais graves, a presença de estruturas fúngicas visíveis. A doença afeta o índice TCH (toneladas de cana por hectare), reduz o ATR (açúcar teórico recuperável) e altera o índice de Brix, que mede a pureza do caldo da cana e o teor de sacarose.
A síndrome foi identificada pela primeira vez na década de 1960, mas sua expansão nos últimos anos é alarmante, especialmente nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí, Mato Grosso e Tocantins. Eventos climáticos extremos, como variações de temperatura e períodos de seca, têm sido apontados como fatores que favorecem a propagação da doença.
Pesquisas e manejo integrado
Pesquisas conduzidas pela Syngenta, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), têm buscado alternativas para mitigar os impactos da doença. Amostras coletadas em lavouras afetadas nas safras de 2023 e 2024 identificaram os fungos Pleocyta sacchari, Colletotrichum falcatum e Fusarium spp. como os principais causadores.
Desde 2021, grupos de pesquisadores monitoram as áreas afetadas para desenvolver estratégias de manejo. Entre as ações sugeridas estão o corte antecipado, o uso de controle químico e o desenvolvimento de variedades mais resistentes. “Precisamos unir esforços para mitigar os impactos dessa síndrome e assegurar a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil”, afirma Thales Barreto, gerente de marketing de produtos fungicidas da Syngenta.
Testes realizados em laboratório e campo apontaram o solatenol como o ingrediente ativo com maior eficácia no controle dos patógenos associados à síndrome. Esse ativo está presente no fungicida Invict, da Syngenta, registrado para a cultura da cana-de-açúcar e recomendado para combater os fungos Pleocyta sacchari e Colletotrichum falcatum.
Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de diagnóstico preciso e monitoramento contínuo para prevenir perdas ainda maiores. De acordo com dados da Orplana, a doença já causou prejuízos significativos na última safra, afetando diretamente a cadeia produtiva de açúcar e etanol.