quarta-feira, 27 novembro 2024
spot_imgspot_img
HomeAgronegóciosSoja: Embrapa propõe inserir manejo do solo em avaliação de risco climático

Soja: Embrapa propõe inserir manejo do solo em avaliação de risco climático

Da Redação Avance News

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc Soja) indica onde e quando semear a oleaginosa para minimizar os riscos de perdas por eventos meteorológicos adversos.

A ferramenta leva em consideração as condições meteorológicas e a capacidade de armazenamento de água disponível no solo. Porém, a Embrapa desenvolveu uma proposta inovadora, que pretende considerar também o manejo do solo na avaliação de risco climático.

O detalhamento da proposta está sendo apresentado em um painel durante a Reunião de Pesquisa de Soja, realizada de 23 a 24 de agosto, em Londrina (PR).

“Entendemos que a qualidade do manejo do solo adotado pelos sojicultores tem enorme potencial em mitigar os riscos de perdas de produtividade por seca, a exemplo das práticas como a adoção plena do Sistema Plantio Direto (SPD)”, explica o pesquisador Júlio Franchini, da Embrapa Soja.

Segundo ele, a proposta é enquadrar as áreas de produção de soja em quatro níveis de manejo (NMs), segundo indicadores e critérios que refletem os impactos das práticas agrícolas sobre características e processos físicos, químicos e biológicos do solo.

Proposta de níveis de manejo

Em conformidade com a qualidade e o histórico do manejo adotado, a metodologia prevê a adequação de parâmetros dos modelos do Zarc que determinam a disponibilidade de água para a cultura, gerando assim riscos hídricos decrescentes do primeiro ao quarto nível (NM1 ao NM4).

Para o enquadramento nos níveis de manejo, foram selecionados sete indicadores que refletem a qualidade do manejo e a fertilidade do solo, sob o ponto de vista de maior disponibilidade de água e crescimento radicular.

Assim, são indicadores de níveis de manejo:

  1. a quantidade de anos sem preparo do solo;
  2. porcentagem de cobertura do solo na semeadura da soja;
  3. diversificação de culturas consideradas nos últimos três anos;
  4. disponibilidade de nutrientes às plantas, na camada de 0-20 cm;
  5. teor de cálcio na camada de 20-40 cm;
  6. ausência de alumínio tóxico na camada de 20-40 cm;
  7. qualidade da estrutura do solo

De acordo com o pesquisador Alvadi Balbinot, três dos indicadores refletem diretamente os pilares que fundamentam o Sistema Plantio Direto (cobertura do solo, mínimo revolvimento e diversificação de espécies vegetais).

“Portanto, o SPD se constitui em uma importante estratégia para mitigar o risco climático relacionado à ocorrência de secas”, explica.

O pesquisador afirma, ainda, que outros indicadores estão relacionados com a disponibilidade de nutrientes e à acidez do solo em superfície e subsuperfície.

“Este fator quando não corrigido adequadamente pode limitar o crescimento e o funcionamento das raízes, aumentando assim o risco de perdas expressivas de produtividade por seca”, destaca.

Camada superficial do solo

soja, plantio, emater, sorriso

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural

O indicador de estrutura do solo é acessado por meio do Índice de Qualidade Estrutural do Solo (IQEs), obtido pelo Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES).

O DRES, por sua vez, é um método para qualificar a estrutura da camada superficial do solo, baseado em características detectadas visualmente em amostras dos primeiros 25 cm.

“A metodologia apresenta aplicação prática para diagnosticar se o solo apresenta compactação ou ainda se está apresentando melhorias em função das práticas adotadas, quando realizado de maneira sequencial ao longo do tempo”, diz.

Desafio na adoção do SPD

plantio direto soja carbono

Foto: Pedro Luiz de Freitas/ Embrapa

A manutenção da cobertura do solo, a preservação ou aumento do teor de matéria orgânica e a melhoria das propriedades (físicas, químicas e biológicas) do solo são, portanto, benefícios que se obtém mediante a adoção do Sistema Plantio Direto.

“Além desses benefícios, o crescimento do sistema radicular tem grande importância para o aumento do reservatório de água disponível durante os períodos de estresse hídrico”, destaca Franchini.

“Nesse sentido, práticas de manejo do solo que aumentem a infiltração e a retenção de água no solo e o crescimento das raízes das culturas em profundidade são relevantes para minimizar as perdas por déficit hídrico”, ressalta o pesquisador Henrique Debiasi.

Segundo a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto, o SPD está presente em cerca de 33 milhões de hectares no Brasil. No entanto, a maior parte dessa área não atende de forma integral às premissas do sistema, restringindo-se à mínima mobilização do solo pela eliminação de operações de preparo.



Fonte: Canal Rural

VEJA TAMBÉM

COMENTE

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img
spot_img

POPULAR

COMENTÁRIOS