Da Redação Avance News
Com potencial para ganhar destaque nos campos, o sorgo é visto como alternativa para a segunda safra. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir aproximadamente 3,9 milhões de toneladas de sorgo no ciclo 2022/23. Isso representa um aumento de 33,9% ante a temporada passada.
Em Mato Grosso são esperadas 172,8 mil toneladas de sorgo.
A semeadura do cereal e os motivos pelos quais o grão é uma opção para o Brasil foram os focos da quarta Live Mais Milho, desta quinta-feira (25).
Mediada pelo jornalista Olmir Cividini, a conversa contou com a presença da líder do portfólio de sorgo da Corteva, Lisane Castelli, do pesquisador da Embrapa, Cícero Bezerra de Menezes e do engenheiro agrônomo e pesquisador da Bayer, Paulo Garollo.
“O sorgo tem se tornado nos últimos cinco anos uma cultura extremamente interessante no Brasil. Primeiro porque ele é mais tolerante a seca que outros cereais, então (vai bem) em uma segunda safra, que é onde a gente corre um maior risco (hídrico).Ele possui um grande fornecimento de palhada, que é interessante para o plantio direto. Ele é mais resistente ao ataque da cigarrinha-do-milho e tem menor custo de produção”, explica Lisiane Castelli, da Corteva.
Potencial econômico e melhorias genéticas
Nos últimos anos as taxas genéticas de sorgo foram melhoradas e com isso, os pesquisadores identificaram que a janela de plantio é maior que o próprio milho. Com isso, a chance de colocar híbridos mais tardios e com o teto produtivo maior, se consolidou. “A questão de novas tecnologias, empresas fazendo contratos futuros permitiu com que fizéssemos uma planta com o teto produtivo maior”, disse o pesquisador da Embrapa, Cícero Bezerra de Menezes.
No Brasil existem três tipos de sorgo. O granífero, com maior expressão econômica no mercado de ração, o forrageiro que é para pastagem de gado e o silageiro que corta a planta inteira, como acontece com o milho.
Para Lisane, o granífero possui maior potencial de crescimento. “O grande volume hoje do granífero é destinado para a ração que complementa o mercado de rações e substitui em 100% o milho. Com isso traz uma atratividade muito grande na questão do custo de produção”, explica.
Por se adaptar a uma ampla variação de ambientes e produzir sob condições desfavoráveis quando comparado a outros cereais, o sorgo é considerado um bom cultivo para regiões mais áridas.
Paulo Garollo explica que antes o agricultor não dava importância para a cultura. “Quando eles viram que podiam plantar o grão e que ele tem caixa produtiva com alta rentabilidade, o panorama começou a mudar. O Centro-Oeste tem grande possibilidade de ser o grande celeiro de produção de sorgo para o mundo inteiro”, afirma.
Falta conhecimento e planejamento sobre a cultura
Durante o bate-papo sobre a importância do sorgo para a economia agrícola do Brasil, Cícero Bezerra de Menezes, comentou que existe um grande potencial de crescimento, mas que existem muitas áreas paradas. A falta de pesquisadores nas universidades chama a atenção do pesquisador.
“A gente precisa de mais gente pesquisando. Hoje em dia é possível contar na mão a quantidade de pesquisadores de sorgo. O grão tem qualidade e podemos ampliar a demanda de procura por ele”, explica.
Paulo Garollo afirmou que as pessoas não conhecem no detalhe a cultura e as formas de aproveitar melhor. Por consequência disso, acabam não conseguindo mudar cultura nenhuma. “Quando olhamos a cultura da soja, é possível ver que reduzimos o ciclo e redução de biomassa. Hoje exigimos muito mais da soja e uma cultura como o sorgo nos dá a possibilidade de fazer reciclagem na palhada. Temos muita coisa para estudar e trazer como oportunidade”, pontua.
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