São Paulo, SP, 24 (AFI) – A Justiça às vezes tarde, mas não falha. A frase popular cabe bem no caso do ex-jogador e técnico Estevam Soares que, nesta quarta-feira (24), teve ratificada a sua inocência em suposta participação na manipulação de resultados. Além disso, com o acolhimento de recurso, ele deixa também de pagar uma multa no valor de R$ 20 mil.
Renato Teixeira da Costa, advogado de defesa, entrou com recurso no Tribunal Pleno do STJD e conseguiu reverter a punição, que teria sido imposta em cima do artigo 191, inciso 3, do CBJD, sob o argumento de que ele “deveria ter desconfiado da situação e denunciado”, mesmo sem provas concretas de sua participação.
O advogado de defesa se baseou na “presunção sem qualquer evidência de omissão dolosa” e reforçando que o treinador “tem uma carreira íntegra e segue comprometido com a justiça no futebol”.
ALÍVIO APÓS TENSÃO
Em sua casa, em São Paulo, Estevam Soares, não escondeu a satisfação pela sua absolvição total, inclusive, a isenção de multa.
“Tenho quase 50 anos no futebol, como jogador e como técnico, e, de repente, um fato negativo de tal gravidade me colocou numa exposição altamente negativa. Senti muito, meus familiares também e foram momentos de muita tensão”, afirmou.
Estevam Soares, como zagueiro central, atuou por Guarani, São Paulo, com passagens brilhantes por Bahia e Sport Recife. Como técnico, passou por Guarani e Ponte Preta, em Campinas, e depois por dezenas de clubes, inclusive, por Palmeiras e Botafogo-RJ.
O advogado Renato Teixeira da Costa ressaltou que Estevam Soares “está sofrendo financeiramente e psicologicamente por causa dos efeitos do caso, ainda que a condenação inicial tenha afastado a participação direta dele na manipulação”.
ENTENDA O CASO
Tudo começou com denúncia em cima de irregularidades na partida entre Inter de Limeira 3 x 0 Patrocinense, disputada no Limeirão, no interior paulista, pela Série D do brasileirão de 2024 – o confronto aconteceu dia 1.º de junho.
Estevam Soares acabou sendo envolvido e acusado juntamente com outros seis integrantes do clube, incluindo, dirigente, investidor e jogadores. Apenas o técnico acabou absolvido. Mesmo assim ele foi punido com multa de R$ 20 mil, por, supostamente, não ter denunciado o esquema.
A sua defesa alegou que, embora tivesse desconfiança do esquema, o técnico não tinha provas e já tinha deixado o clube quando conseguiu alinhar mais detalhes sobre a trama armada para fraudar resultados de jogos envolvidas em apostas.
TODOS PUNIDOS
O STJD agiu de forma rigorosa com os envolvidos no caso, com suspensão, multas e banimento do futebol.
DIRIGENTES:
1 – Anderson Ibrahin Rocha – gestor do Patrocinense – multa de R$ 50 mil e banimento do futebol.
2 – Marcos Vinicius da Conceição – investidor – multa de R$ 25 mil e banimento do futebol
COMISSÃO TÉCNICA
1 – Rodolfo “Dodô” (auxiliar de Estevam Soares): multa de R$ 10 mil.
JOGADORES:
1 – Denner (jogador): multa de R$ 2,5 mil
2 – Richard Bala (jogador): multa de R$ 25 mil e suspensão por 720 dias;
3 – Felipe Gama (jogador): multa de R$ 20 mil e suspensão de 549 dias.
