segunda-feira, 25 novembro 2024
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Super Quarta: especialistas apostam em aumento da taxa Selic

Ivonete Dainese

O aumento dos custos na construção civil e o contexto global ainda trazem incertezas para os mercados

Na Super Quarta (18), os mercados aguardam as decisões dos comitês de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos . O Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fomc (Comitê de Mercado Aberto) reavaliarão as taxas de juros locais, gerando expectativas de ajustes conforme as condições econômicas de cada país.

No Brasil, as expectativas giram em torno de uma elevação da taxa Selic em 25 pontos base (bps), o que aumentaria a taxa para 10,75%. Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, acredita que essa decisão deve ser unânime.

“A comunicação dos dirigentes do Banco Central, em particular de Gabriel Galípolo, conduziu fortemente o mercado na direção de um aperto monetário”, afirma Goldenstein.

Ele alerta que, caso a Selic seja mantida estável, o Banco Central poderia perder credibilidade, o que resultaria em desancoragem das expectativas de inflação e pressão sobre a taxa de câmbio.

Luiz Rogé, economista e sócio da Matriz Capital Asset, compartilha dessa visão, destacando o impacto do quadro fiscal no país.

“Temos uma desancoragem alta ainda, o fiscal comprometido, apesar de esperarmos por um ciclo de baixa dos Fed Funds e potencial queda na cotação do dólar”, diz Rogé, sugerindo que o cenário fiscal justifica uma alta na taxa de juros.

Além disso, ele recomenda a investidores que priorizem ativos indexados ao CDI e títulos atrelados ao IPCA no médio e longo prazo.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, prevê que o Copom adote uma postura mais conservadora: “A expectativa majoritária do mercado é que o Copom vai falar que a alta vai ser gradual e vão acompanhar os indicadores”.

Cohen reforça que o aumento de 25 bps na Selic será importante para manter as expectativas de inflação ancoradas, evitando volatilidade nos mercados financeiros.

Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, também espera uma elevação de 0,25 pontos base. Ele aponta que, embora o núcleo da inflação tenha mostrado melhorias, ainda há pressões inflacionárias, principalmente devido ao aquecimento do mercado de trabalho e aumento dos salários.

“A inflação permanece acima da meta, apesar de algumas melhorias no núcleo, o que justifica essa alta”, observa Almeida. Para ele, investimentos em renda fixa pós-fixada, como os indexados ao CDI, são recomendados no curto e médio prazo.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve) segue um ciclo de ajuste nos juros, com expectativas de que as taxas possam começar a ser reduzidas.

Luiz Rogé projeta que o Fed reduzirá os juros em 25 bps, com a possibilidade de um corte maior se a economia mostrar sinais de fraqueza. “Esperamos por um ciclo de queda nos juros dos EUA com taxas caindo para cerca de 3 a 3,5% ao ano”, afirma Rogé, acrescentando que o Fed, assim como o Copom, ajusta suas decisões com base em dados econômicos.

Cenário inflacionário

Paralelamente, o cenário inflacionário no Brasil apresenta sinais de desaceleração. O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,18% em setembro, desacelerando em relação aos 0,72% registrados em agosto.

Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, aponta que “o impacto nas matérias-primas brutas e o custo crescente da mão de obra na construção civil sugerem uma pressão inflacionária que pode perdurar nos próximos meses”.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca que a queda nos preços de commodities como soja e minério de ferro trouxe alívio nas pressões inflacionárias, mas o setor da construção civil continua sendo uma área de atenção devido ao aumento dos custos.

Esse cenário de moderação inflacionária, combinado com as decisões esperadas de política monetária, indica uma possível flexibilização futura nas taxas de juros no Brasil, conforme pontuou os especialistas.

No entanto, o aumento dos custos na construção civil e o contexto global ainda trazem incertezas para os mercados, o que pode influenciar a postura do Copom nas próximas reuniões.

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Fonte: iG

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