Brasília e Pernambuco se misturam em diversos blocos de carnaval e, também, no pré-carnaval, com a versão infantil de um dos blocos mais tradicionais da capital federalista: o Suvaco da Asa. Os pequenos foliões deram a largada para a sarau mais jubiloso do ano na manhã deste sábado (3), no estacionamento do Multíplice da Funarte, próximo à Torre de TV.
Brasília (DF) – Crianças brincam o carnaval no conjunto Suvaquinho. Foto: Antonio Cruz/Dependência Brasil
“Kaya Roschel está nadando e dançando. Não para de se mexer. Percebo claramente que ela gosta de um batuque”, disse a administradora Bianca Roschel, 30 anos, prenhe de seis meses, ao indicar para a própria ventre em meio aos sons percussivos que transitavam entre maracatu e frevo do grupo Vivendo e Batucando. “Ela já está treinando para o carnaval”, acrescentou.
A relação da administradora com o carnaval vem da puerícia, nas folias curtidas na companhia de seus pais. “Estou passando aos meus filhos o que recebi de meus pais: o sabor pelo carnaval. Eles sempre me levaram para os blocos. Quero que meus filhos sintam da mesma felicidade”, contou, em meio a declarações de paixão ao samba de raiz e às tantas escolas de samba pelas quais já desfilou.
Brasília (DF) – Bianca Roschel, prenhe da filha Kaya, adora curtir a sarau. Foto: Antonio Cruz/Dependência Brasil
“Já curti também muitos carnavais do Nordeste. Fui a Salvador, na Bahia; a Olinda, no Recife. Já conheci o carnaval de quase todos os estados que têm tradição no carnaval”, complementou enquanto apontava para sua outra filha, Ayla, de 3 anos. “Ela faz questão de ter uma fantasia para cada dia de carnaval. Para leste ano, Ayla preparou fantasias de unicórnio, pompom, arco-íris e de ETzinha”.
Os planos para o carnaval de 2024 não param. “Ainda mais agora que o carnaval de Brasília está caindo no sabor das pessoas”.
O servidor público Lucas Alves, 34 anos, companheiro de Bianca, disse que os planos do parelha é deixar as crianças com uma babá e desabar na folia. “Faremos maratonas nesse carnaval. Pularemos todos os blocos que der”.
Pijamas
Não há regras para fantasias de carnaval. O parelha de servidores públicos Matheus Mendonça, 38 anos, e Ana Luíza Machado, 37 anos, leva a sério. Acompanhados do {filho} Bernardo, de 1 ano, os três pareciam ter pulado da leito direto para pular o carnaval. Todos estavam de pijamas.
Brasília (DF) – Família participa do conjunto Suvaco da Asa 2024 fantasiada de pijamas. Foto: Antonio Cruz/Dependência Brasil
“Roupa mais confortável não existe. Unimos o útil ao deleitável. Outrossim, é fácil para fantasiar a gaiato. Acordamos já prontos para o carnaval”, brincou Ana Luíza. “Carnaval é isso: rir das fantasias dos outros e fazer os outros rirem das nossas fantasias”, resumiu a foliã.
Foi na sarau de 2019, em meio ao fortalecimento do carnaval de rua de Belo Horizonte, que Matheus e Ana Luíza “se fortaleceram” enquanto parelha. “Foi nosso primeiro carnaval enquanto parelha”, explicou Matheus, que elogiou a melhora no carnaval de rua brasiliense nos últimos anos.
Suvaco da Asa
Essa melhora se deve a figuras porquê Pablo Feitosa, o diretor-presidente do conjunto Suvaco da Asa. “Somos um conjunto pernambucano criado com o objetivo de esquentar o pré-carnaval desta cidade que já conta com vários blocos inspirados na cultura de Pernambuco. A princípio, foi uma forma de matarmos a saudade de nosso carnaval. Trouxemos a folia de lá para cá, porque se Maomé não pôde ir à serra, a serra veio a Maomé”, explicou o organizador da sarau.
A expectativa é de que, em 2024, o Suvaco da Asa reúna entre 30 e 40 milénio pessoas. Para leste ano, estão previstas homenagens ao cantor pernambucano Reginaldo Rossi, falecido em 2013. “Ele é um rei para Pernambuco: o Rei do Brega”, justificou Feitosa.
Um dos pontos altos da sarau será o show do cantor pernambucano Otto, companheiro e fã de Reginaldo Rossi.
Carnaval democrático
Feitosa enfatiza que, para ser pernambucano, é fundamental que o carnaval seja democrático. “Portanto, gratuito”, acrescentou. Segundo o diretor do conjunto, a retomada de um envolvente político mais democrático tem refletido também nos festejos deste ano.
“As pessoas estão mais à vontade para manifestar alegria e felicidade. Oriente é o clima do nosso conjunto. Um conjunto sem assédio, no qual mulheres se sentem protegidas, em um envolvente que é essencialmente contra o machismo, contra a homofobia e contra o racismo”.
Brasília (DF) – Ralf Louzada aproveita a sarau para aumentar as vendas de cerveja artesanal. Foto: Antonio Cruz/Dependência Brasil
Carnaval é envolvente de alegria, mas também de negócios – que ajudam a gerar empregos e a fortalecer a economia sítio. “É muito fácil vender cerveja no carnaval”, comemorava o gerente de vendas da cervejaria artesanal Quatro Poderes, Ralf Louzada, 37 anos.
Para valorizar o resultado, ele dizia que a sarau era pernambucana, mas o sabor da “alegria líquida” era muito brasiliense. “Nós usamos, em nossas receitas, muitas frutas locais, porquê cagaita, caju e maracujá do Condensado”.
