O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou, nesta terça-feira (13), durante um pronunciamento em Nova Jersey, ser uma interferência eleitoral o processo que enfrenta envolvendo documentos secretos do governo norte-americano encontrados em sua propriedade.
O pré-candidato à Presidência pelo Partido Republicano afirmou que o atual líder do país, o democrata Joe Biden, ajudou a fabricar as acusações.
“Hoje nós passamos por uma coisa horrorosa, uma coisa maldosa, a pior do nosso país. Que foi um juiz corrupto, um sistema corrupto. Um presidente que ajudou a fabricar uma acusação no meio das eleições presidenciais, nas quais ele vem perdendo, conforme acompanhamos nas pesquisas. Isso é interferência eleitoral”, disse Trump.
“Nós precisamos pensar em reconciliar essas eleições, nós precisamos pensar nessa perseguição que há nesse país”, prosseguiu.
Trump esteve em um tribunal federal em Miami, na Flórida e se declarou inocente das 37 acusações sobre o caso. No discuso de hoje, afirmou ser legal para ele ter a posse dos documentos, já que haviam coisas pessoais entre os papéis.
“Acusar um ex-presidente dos Estados Unidos é um ato impossível, é um ato tão terrível que nós podemos pensar nessa ameaça. Me processar por causa de papéis da Presidência é algo inimaginável fazer isso com a lei americana”, citou.
Segundo o procurador especial Jack Smith, o ex-presidente manipulou documentos confidenciais trazidos para seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, e se envolveu em uma conspiração para obstruir a Justiça.
As acusações criminais do Departamento de Justiça aumentam o risco legal em torno do favorito do Partido Republicano em 2024.
O assessor de Trump, Walt Nauta, também foi acusado formalmente e compareceu ao tribunal ao lado do ex-presidente.
A audiência histórica marca a primeira vez na história dos EUA em que um ex-presidente responde a acusações criminais na Justiça federal.
Do lado de fora do tribunal, apoiadores de Trump organizaram manifestação para declarar apoio ao ex-presidente.
Em março deste ano, Trump se tornou o primeiro ex-presidente americano a responder acusações criminais formais, na Justiça estadual de Nova York, em um caso envolvendo a estrela de cinema adulto Stormy Daniels.
Entenda as acusações
Donald Trump supostamente manteve documentos confidenciais em vários lugares em seu resort Mar-a-Lago, incluindo um salão de baile público, um quarto e até mesmo em um banheiro.
De acordo com a acusação contra Trump divulgada na sexta-feira (9), o resort da Flórida sediou mais de 150 eventos sociais, incluindo casamentos, estreias de filmes e arrecadação de fundos entre janeiro de 2021 e agosto de 2022, quando o FBI executou uma busca aprovada pelo tribunal nas instalações para os documentos.
Embora o Serviço Secreto tenha protegido Trump e seus familiares depois que ele deixou o cargo, a agência não foi responsável pelas caixas ou conteúdo, nem o ex-presidente disse que os documentos classificados estavam no local, afirma a acusação.
Alguns documentos classificados continham informações sobre a defesa dos EUA e capacidades nucleares que exigiam tratamento especial, prossegue a investigação.
Inicialmente, alguns dos papéis foram empilhados no palco do Salão Branco e Dourado de Mar-a-Lago, segundo a acusação. Os promotores descrevem o salão de baile como um espaço onde “ocorriam eventos e reuniões”.
Os promotores alegam que Trump tomou várias medidas para obstruir a investigação sobre o manuseio de documentos confidenciais. Ele recomendou a seu advogado para dizer ao Departamento de Justiça que não tinha os registros solicitados pela intimação.
Além disso, alega, Trump instruiu seu assessor, Walt Nauta, a mover as certidões para ocultá-las dos próprios advogados de Trump e de agentes do FBI. Foi sugerido ainda a seu defensor que destruísse os documentos solicitados pela intimação.
“O objetivo da conspiração era que Trump guardasse documentos confidenciais que ele havia levado da Casa Branca e os escondesse e ocultá-los de um grande júri federal”, explica a imputação.