sábado, 4 janeiro 2025
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Ucrânia corta trânsito de gás russo e interrompe fornecimento à Europa

Da Redação Avance News

Nas primeiras horas de 2025 chegou ao fim o contrato que permitia a exportação de gás russo por gasodutos que atravessam a Ucrânia. O presidente do país, Volodymyr Zelensky, decidiu não renovar o acordo, encerrando décadas de dependência europeia desse corredor estratégico para o fornecimento de energia.

De acordo com a agência Reuters, o fluxo foi interrompido às 7h da manhã desta quarta-feira (1º), pelo horário local (2h, no fuso de Brasília). A decisão da Ucrânia de não estender o contrato, mesmo após quase três anos de guerra, é vista como um marco significativo no afastamento energético entre Moscou e o Ocidente. 

Gás russo não passa mais por gasodutos que atravessam a Ucrânia, a partir de 1º de janeiro de 2025. Crédito: 63ru78 – Shutterstock

Apesar do impacto histórico, a União Europeia (UE) já havia se preparado para o corte, evitando os choques de preços que marcaram 2022, quando a redução da oferta russa disparou uma crise energética no bloco.

Consumidores europeus se adaptam ao corte 

Os últimos compradores da UE que ainda dependiam do gás russo por meio da Ucrânia, como Áustria e Eslováquia, ajustaram-se rapidamente, recorrendo a alternativas de fornecimento. Já a Hungria continuará recebendo gás russo pelo gasoduto TurkStream, que passa pelo Mar Negro. 

Na Transnístria, região separatista pró-Rússia na Moldávia, o corte nos fluxos afetou a população local, levando a interrupções no aquecimento e no fornecimento de água quente. Autoridades locais orientaram os moradores a usarem roupas mais quentes e recorrerem a aquecedores elétricos.

Zelensky classificou o fim do trânsito de gás como uma “grande derrota” para Moscou e solicitou aos EUA que ampliem o fornecimento de gás para a Europa. Ele destacou que a prioridade agora é fortalecer a infraestrutura energética da Moldávia, um país vulnerável diante da transição energética europeia.

Gasoduto aéreo Urengoy-Pomary-Uzhgorod sobre o rio Bystrytsia Solotvynska, na Ucrânia. Crédito: Denys Kukhtar via Researchgate / Licença: Creative Commons Attribution 4.0 International

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Europa registra redução da dependência do gás russo

Desde o início da guerra, em 2022, a UE tem diversificado suas fontes de energia, reduzindo drasticamente a participação do gás russo, que antes representava 35% do mercado europeu. Hoje, a Europa depende mais do gás natural liquefeito (GNL) dos EUA e do Catar, além do gás canalizado da Noruega. A Comissão Europeia afirmou que a infraestrutura energética do bloco está preparada para lidar com o corte, graças a investimentos em novas capacidades de importação de GNL.

O ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, destacou que a decisão de encerrar o trânsito de gás reflete o compromisso da Europa em abandonar a dependência energética da Rússia. “Paramos o trânsito de gás russo. Este é um evento histórico. A Rússia perderá mercados e enfrentará perdas financeiras”, disse à Reuters.

Decisão traz impactos financeiros

A interrupção traz perdas significativas para ambas as partes. A Ucrânia deixará de arrecadar até US$1 bilhão por ano em taxas de trânsito, o que levará a um aumento das tarifas de transmissão de gás para consumidores domésticos. Estima-se que esse ajuste custará à indústria ucraniana cerca de US$38 milhões. Por outro lado, a Gazprom, fornecedora russa de gás, pode perder aproximadamente US$5 bilhões em vendas.

Os números refletem o declínio do gás russo exportado para a Europa. Em 2018, Moscou enviou um recorde de 201 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás. No entanto, esse volume caiu para 15 bcm em 2023, à medida que contratos expiraram e a Europa diversificou suas fontes de energia.



Fonte: Olhar Digital

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