Nicolas TUCAT
A Uni�o Europeia (UE) deve acelerar os investimentos, inclusive com a emiss�o de d�vida conjunta, para financiar uma “nova estrat�gia industrial” que lhe permita acompanhar o ritmo dos Estados Unidos e evitar ser economicamente dependente da China, alertou um relat�rio nesta segunda-feira (9).
A presidente da Comiss�o Europeia, Ursula von der Leyen, encarregou Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), no ano passado, de para elaborar um relat�rio sobre como aumentar a competitividade do bloco em um contexto de crescente inseguran�a global.
O documento recomenda um investimento anual de pelo menos 750 bilh�es – 800 bilh�es de euros (829 bilh�es – 885 bilh�es de d�lares ou 4,6 trilh�es – 4,9 trilh�es de reais), o que equivale a quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.
Draghi, que tamb�m foi primeiro-ministro de It�lia, reconheceu que esta � uma medida “sem precedentes” e que representaria um impulso maior do que o Plano Marshall, que ajudou a reconstruir o continente europeu ap�s a Segunda Guerra Mundial.
Segundo o ex-presidente do BCE, a recomenda��o justifica-se pelo “desafio existencial” que o bloco de 27 pa�ses membros enfrenta.
“Pela primeira vez desde a Guerra Fria, devemos realmente temer pela nossa sobreviv�ncia, e a necessidade de uma resposta unificada nunca foi t�o grande”, disse Draghi em coletiva de imprensa em Bruxelas.
O seu plano para uma “mudan�a radical” cont�m 170 propostas e enfatiza a necessidade de fechar uma “brecha de inova��o” tanto com os Estados Unidos como com a China.
Nesse sentido, ele defende investimentos “massivos” para financiar as prioridades do bloco, que v�o desde a ind�stria de defesa europeia at� os objetivos de descarboniza��o.
Draghi tamb�m destacou a fraqueza da UE nas tecnologias emergentes que impulsionar�o o crescimento futuro. Apenas quatro empresas europeias est�o entre as 50 maiores empresas de tecnologia do mundo.
– Emiss�o de d�vida conjunta –
A UE deve “continuar emitindo instrumentos de d�vida conjunta para financiar projetos de investimento comuns que busquem aumentar a competitividade e a seguran�a” do bloco, declarou Draghi.
A UE recorreu a empr�stimos conjuntos para criar um fundo de 800 milh�es de euros para ajudar as economias dos Estados-membros mais duramente atingidas pela pandemia, mas o conceito permanece controverso.
A Fran�a, por exemplo, � um dos maiores defensores deste plano de recupera��o p�s-covid, mas outros pa�ses como a Alemanha e os Pa�ses Baixos o rejeitam porque temem ser for�ados a contribuir de maneira desproporcional.
Ciente das cr�ticas geradas por sua proposta, Draghi destacou que os empr�stimos comuns s� seriam poss�veis se “as condi��es pol�ticas e institucionais forem cumpridas”.
Outra forma, disse ele, � mobilizar melhor o capital privado no bloco, defendendo uma verdadeira “uni�o dos mercados de capitais” da UE, estagnada h� muito tempo.
“O setor privado n�o ser� capaz de assumir a maior parte do financiamento dos investimentos sem o apoio do setor p�blico”, afirma o relat�rio.
Von der Leyen, reeleita presidente do bloco Executivo da UE em julho, espera usar o relat�rio de 400 p�ginas para definir as prioridades do seu gabinete, que apresentar� esta semana.
A presidente da Comiss�o n�o se referiu diretamente � emiss�o de d�vida conjunta, mas sim �s contribui��es nacionais e outras fontes de renda para alimentar o or�amento da UE.
A UE est� atolada na estagna��o econ�mica h� um ano e meio e enfrentou a crise causada pela pandemia de 2020 pior do que os Estados Unidos.