terça-feira, 18 março 2025
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Vazamento no Pix: saiba como se proteger contra fraudes

Reprodução/X

Especialista alerta golpes com vazamento de dados do Pix

O Banco Central (BC) informou, nesta segunda-feira (17), que mais de 25 mil chaves Pix de clientes da fintech QI SCD tiveram dados expostos.

O incidente aconteceu entre os dias 23 de fevereiro e 6 de março e foi causado por falhas pontuais nos sistemas da instituição. As informações vazadas envolviam nome do usuário, CPF parcialmente mascarado, instituição financeira, agência, número e tipo da conta. 

Esse é o 18º incidente de segurança com o sistema Pix desde sua implementação, em novembro de 2020, e o primeiro registrado neste ano.

Em nota, a fintech QI SCD afirmou que a falha foi corrigida imediatamente e que os dados expostos não permitem o acesso às contas dos clientes nem a realização de transações financeiras. No entanto, especialistas ouvidos pelo iG alertam que, mesmo sem senhas envolvidas, a exposição de dados pode trazer riscos aos titulares.

Riscos da exposição

Banco Central identifica mais de 25 mil chaves Pix vazadas
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Banco Central identifica mais de 25 mil chaves Pix vazadas

Raphael Dutra, sócio fundador do PDK Advogados e especialista em privacidade, proteção de dados e segurança da informação, explica que, no mundo digital atual, os dados são um ativo valioso tanto para empresas quanto para criminosos.

“Independentemente da causa do vazamento, é importante destacar que qualquer exposição indevida de dados pode gerar impactos para os titulares. No mundo digital de hoje, os dados são fundamentais para diversas operações, tanto no setor privado quanto no público”, afirma Dutra.

O especialista alerta que, com esses dados, criminosos podem criar golpes sofisticados, se passando por bancos ou instituições financeiras.

“Embora não tenha havido vazamento de senhas ou chaves Pix, essas informações podem ser exploradas por criminosos para engenharia social e tentativas de fraude bancária, pois fornecem detalhes sobre a conta da vítima”, destaca.

Como se proteger e evitar golpes

O Banco Central garantiu que os clientes afetados serão notificados exclusivamente por meio do aplicativo ou internet banking da instituição financeira.

“Recomenda-se que os usuários procurem os canais de relacionamento do banco ou instituição de pagamento onde teve origem o vazamento, bem como o Banco Central do Brasil, indagando as medidas porventura já adotadas”, reforça o especialista.

Dutra recomenda que quando as pessoas forem vítimas de vazamento de dados devem adotar medidas de segurança para evitar fraudes, como:

✅ Verificar junto ao banco: Caso tenha sido notificado sobre a exposição dos dados, entre em contato com sua instituição financeira para entender quais medidas foram adotadas.

✅ Utilizar chaves Pix aleatórias: Sempre que possível, prefira gerar uma chave Pix aleatória em vez de usar CPF, telefone ou e-mail. Isso reduz a exposição de informações pessoais.

✅ Ficar atento a mensagens suspeitas: Golpistas podem tentar se passar por bancos, solicitando informações ou pedindo para clicar em links. Bancos e o BC nunca fazem esse tipo de contato.

✅ Monitorar movimentações na conta: Verifique com mais frequência o extrato bancário para identificar possíveis transações suspeitas.

✅ Manter senhas fortes e atualizadas: Embora as senhas não tenham sido vazadas, o especialista recomenda alterá-las periodicamente e evitar reutilizar a mesma senha em diferentes serviços.

Como agir caso tenha problemas

Segundo o advogado, a pessoa tem direito de receber informações claras sobre o vazamento de dados.

“O Banco Central e as instituições envolvidas devem comunicar os clientes afetados e esclarecer quais dados foram comprometidos”, afirma Dutra.

Caso o cliente não receba um esclarecimento adequado, ele pode registrar uma reclamação na Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão responsável por fiscalizar incidentes desse tipo.

Além disso, se a exposição dos dados resultar em prejuízos financeiros ou fraudes, o consumidor pode buscar seus direitos junto ao Procon ou até mesmo entrar com uma ação judicial para reparação de danos.

Se houver suspeita de fraude, a orientação é agir rapidamente. “Se o usuário perceber que seus dados podem ter sido utilizados de forma indevida, deve entrar em contato com seu banco imediatamente para tentar bloquear qualquer transação suspeita”, orienta Dutra.

Além disso, o advogado afirma que é essencial registrar um boletim de ocorrência, o que pode ser feito de forma online em algumas cidades. Esse documento pode ser útil caso seja necessário comprovar a fraude em uma futura disputa judicial ou junto às instituições financeiras.

Investigação

O Banco Central informou que está investigando o caso e que poderá aplicar sanções à fintech QI SCD. Dependendo da gravidade do incidente, a instituição pode receber penalidades que variam desde multas até a suspensão ou exclusão do sistema do Pix.

Por determinação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o BC mantém uma página oficial onde registra incidentes relacionados ao Pix e a outras informações sob sua responsabilidade. Assim, qualquer cidadão pode acompanhar os casos e verificar se seus dados foram afetados.

“Ainda que as senhas não tenham sido comprometidas neste vazamento, é sempre recomendável utilizar senhas fortes e atualizá-las periodicamente. Também é aconselhável monitorar a conta bancária com mais frequência para identificar possíveis transações suspeitas”, comenta.

“O bloqueio do Pix não é necessário neste caso, pois as chaves não foram vazadas. No entanto, como medida preventiva, os usuários podem revisar suas configurações de segurança nos aplicativos bancários”, completa Dutra.



Fonte: iG

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